sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Dias que Choram



Tem dias que não amanhecem, só fingem.
Hoje foi um dia assim. Um dia-noite.
Daqueles que não dá vontade de botar o pé na rua.
Frio, úmido, descolorido.
Em dias assim, a gente não sabe bem porquê, mas a alma fica igual, grudenta.
Ela também se acinzenta.
A alma deve ser meio camaleoa.
Maria-vai-com as outras, bem à toa.
Faz mímica com o dia, é boa imitadora.
Fica assim, tal e qual. Chuvosa, manhosa, ranheta.
Alma que chove baixinho. Que escorre pelo vidro, fazendo um barulhinho triste.
Um som de saudade sua, e mansa. Imensa.
Bate uma nostalgia. Um não sei quê.
Em dias assim, a gente até sai. Porque tem que sair.
Mas a alma fica em casa. Submersa.
Metida debaixo das cobertas, quietinha.
Esperando passar.
Ou comendo bolinho de chuva, quentinho.
Para se consolar.

Dani Altmayer

5 comentários:

  1. "Um som de saudade sua..."
    Lindo, pura poesia.

    ResponderExcluir
  2. Gostei de uma alma que fica em casa e que escorre pelo vidro fazendo um barulhinho triste. Como uma gotícula da chuva, não? Bj

    ResponderExcluir
  3. Como uma gota de lágrima que escorre rosto abaixo. Sem rumo certo. Obedecendo, aleatoriamente, os sulcos e os relevos que a face incorporou; durante momentos de decepção. Bj

    ResponderExcluir