sábado, 17 de março de 2012

Errando e aprendendo

Li um artigo na excelente revista Mente Cérebro cujo título era " Porque é tão bom ter razão ?". O artigo comenta o prazer que sentimos ao nos sabermos certos, seja em relação a um assunto insignificante, seja em relação a uma descoberta científica.  Não importa, a sensação é a mesma.  Sensação inversa à que temos quando percebemo-nos errados. Fala da sensação de se perder o chão, da dificuldade em se admitir ou reconhecer-se o erro, até mesmo da falta de uma categoria mental chamada "erro". Faz referência a como, na visão coletiva, o erro está associado à ignorância, incapacidade, despreparo, até mesmo degeneração moral. E comenta que este é o nosso maior erro, o "metaerro", pois a capacidade de errar é crucial para o desenvolvimento cognitivo. É pelo erro que aprendemos, é através do erro que nos tornamos humanos, que desnvolvemos empatia, entre outras qualidades essenciais. É através dele que desenvolvemos habilidades, que tornamos possíveis as mudanças. O artigo traz o paradoxo cultural em que vivemos, uma sociedade que despreza qualquer tipo de engano e, ao mesmo tempo, prega que ele é parte fundamental da nossa vida, afinal,"errar é humano".
Mas o que mais me chamou atenção em tudo isso foi  o conceito de que só é possível errar quando estamos alheios ao erro. O engano, enquanto engano, é inconsciente. Só nos damos conta dele depois.. Daí a expressão "eu estou errado" ser uma impossibilidade lógica, pois quando reconhecemos o erro, não estamos mais errados.("reconhecer a crença como falsa é parar de acreditar nela").
Li sobre o Princípio da Incerteza de Heinsenberg para o erro : "podemos estar errados, ou podemos saber disso, mas nao é plausível fazer ambas as coisas ao mesmo tempo."
 Uma afirmação tão simples , que imediatamente reconheci como verdadeira, e me fez pensar que este reconhecimento torna mais fácil o perdão. O perdão a mim mesma pelas escolhas erradas, pelos enganos cometidos, pelos erros do passado. E o perdão ao outro,  que pode ter nos machucado, magoado, enfim, errado de muitas maneiras. Ele não sabia. Eu não sabia. Eu estava errada. Não estou mais. Por enquanto.

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