Visito meus textos antigos, sempre um estranhamento.
Escrever tem disso.Fica gravado, e não importa se tinha vírgula demais, explicação demais ou excesso de esperança.
Vou por curiosidade, volto com nostalgia.
Envelhecer tem disso.
Quem era aquela eu, quinze, dez, dois anos atrás?
Mais jovem, mais filosófica, prolixa, menos cansada. Com menos rugas.
Prefiro textos a fotos, ambos denunciam o tempo, embora me reconheça mais nessas últimas.
Se as fotos marcam a passagem dos anos, ainda sou eu quem sorri por trás dos óculos.
Risos reais e falsos, sei identificar cada um. Nas fotos, menos nos textos.
Nos escritos me perco um pouco, crônicas datadas, textos de autoajuda estrito senso, coisas de princípio, meio e fim. De quando ainda acreditava em explicação.
Reflexões profundas, de um tempo em que nadava em outras águas, mais escuras. Tentava submergir. O título estranho do meu livro, o amor errado mais certo do mundo. Esse texto ( e esse amor) não enfraquecem em mim. Tem outros que também não. Mas tantos se perderam, nas ilusões passadas. Textos e amores. Obsoletos.
Viver tem disso.
Mesmo o que se perde fica gravado em algum lugar.
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