domingo, 16 de julho de 2023

É isso

 


Nunca fez tanto sentido a frase aquela, você pode viver anos com alguém e de repente, descobrir que esse alguém é o mais perfeito desconhecido.

É que a vida é esse fluxo constante, que não deixa o eu de agora ser igual ao de antes, a não ser que eu me agarre firme nas minhas convicções e ideias, e ainda assim, as enxurradas. As intempéries, os ventos, as revoluções.

Levam as certezas para lá, feito a música do Chico, meu hino de vida, a roda viva.

Eu de hoje mal conheço a eu de ontem, ainda assim tenho a pretensão de achar que conheço o outro, quanta empáfia da minha parte, ou ingenuidade, quiçá, ainda assim.

Não reconheço.

A dor que a gente sente quando o amor se transforma em estranheza. Quando ele se vai, desgarrado. É uma dor ardida, porque a gente sempre acredita.

Acredita que o amor é mais forte que a passagem do tempo, é mais forte que a chuva e o vendaval, a gente acredita que na essência ainda somos os mesmos, aqueles que nasceram da mesma mãe e do mesmo pai, ainda que caminhos cruzados se descruzem, se desviem em vias lindeiras, ainda assim. Haveria de restar o que foi. A origem. O que somos, isso e aquilo, e o amor. Feito bússola, ou casa. Para onde voltar. O norte. Mas não. Não. 

No fundo, sabemos que a história não se apaga, apenas se cobre de silêncios.

E mágoas. As malditas águas, os véus, inúteis lágrimas. 

As despedidas em vida são sempre cruéis.

Algumas vezes, necessárias. Mas sempre cruéis.

Que Deus é esse, me diz. Que não se chama AMOR?






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