domingo, 28 de novembro de 2021

Despacito




 "Por una cabeza, todas las locuras

Su boca que besa

Borra la tristeza
Calma la amargura"

Quem passa apressado não vê. É apenas mais uma casa antiga entre as tantas casas antigas e meio abandonadas do centro da cidade.
Espremida entre camelôs e bazares, calçadas tortas, escorregadias, confusa entre feias e gastas fachadas, a poesia resiste. A poesia existe para os olhos de quem anda devagar.
Quem demora, percebe. Para, olha, escuta.
A música escapa pelas frestas do número vinte e nove, melancólica, mas não se lê o aviso. Não lêem-se avisos.
Talvez porque haja algum perigo em se deixar conduzir desse jeito. A mão firme, as coxas enlaçadas, a pose. A pausa. A posse.
Sedução, passo a passo.
Os dedos hábeis do artista e a porta deixa de ser porta. 
Se faz janela. Vira moldura. Conta histórias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário