Se escrever sempre foi um jeito de chorar, a ausência das palavras em mim é o aviso de que as lágrimas sumiram. Ando amortecida. Vou ao dicionário e descubro que, mais do que sedada, estar amortecida é estar quase morta.
Espremo um limão bergamota, comprado na feirinha da praça. O suco doce e azedo me arde na língua, gosto e preciso das coisas azedas e doces, das pimentas e temperos que me despertam a pouca fome que resta, os prazeres escassos destes dias de marmota.
A solidão que encobre o céu de um verão que se recusa a ceder, o que antes era poesia e solitude, era bonito, e agora é somente este quase nada e um calor dos diabos no segundo abril deste inferno.
Insisto em te buscar, letra por letra. AMOR.
Amor e vida. Amor é vida.
Mas o que espremo é mais uma fruta seca e um pouco amarga.
Amadurecida demais. Equivocada demais.
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