terça-feira, 18 de agosto de 2020

Vinte anos

 Ele não gosta deste dia, que há 20 anos é o meu dia preferido.

Posso entender, porque eu também sou avessa a comemorar aniversário, talvez seja genético ou pode ser culpa minha, já que a culpa é sempre da mãe.
Mas o fato é que, clichês à parte, o dia em que ele nasceu foi o dia em que eu nasci. Não só como mãe, mas como uma pessoa inteira, complexa, alguém capaz de amar além de qualquer limite, apesar de todas as minhas muitas limitações.
Hoje a gente se despede da nossa adolescência, vão-se os teens, estamos entrando na maravilhosa casa dos vinte, ele na vida, eu como aprendiz deste que foi, é, e sempre será, meu melhor professor.
Tenho muito orgulho do menino de olhos azuis, tão bonito, que cresceu comigo e apesar de mim, que tem um coração enorme, valores sólidos, uma inteligência emocional imbatível.
Eu nem ia escrever nada, só o poema. Mas, como ele mesmo disse outro dia, acho que duas décadas merecem um textão.
Então, vai mais um para a conta dos muitos que tenho escrito ao longo destes anos.
Para ele, que tem sido um baita parceiro de pandemia, com todas as nossas chatices, companheiro de séries, de indignação, de opiniões políticas e sociais, agora também de livros (para orgulho da mamãe).
Para ele que é forte, querido e resiliente de fazer inveja, desejo muita saúde, muito amor, muitas viagens e bons amigos, muito esporte, muitas alegrias, e que ele saiba sempre, como soube até agora, ser a melhor versão de si mesmo.
Sou grata pela tua vida, filho. Sem grandes comemorações, mas vamos celebrar, sim.
Feliz vinte anos!
Te amo para sempre.

Um menino
disse o médico
naquele tempo
as paredes
do quarto
as roupas
os olhos

vinte anos já
um homem
de barba
o susto mas
aqueles olhos
os mesmos
onde habita
ainda

pequenino
e azul
um menino

como só as mães podem ver






















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