quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Vinte e cinco de setembro







Hoje seria teu aniversário de 76 anos. 
A última vez que comemoramos este dia foi em 2007, e acho que ali tu já sabia que era a última vez. Eu te dei de presente uma camisola que tu não chegou a usar, porque não chegaste no verão.
Eu usei, durante muito tempo. Até gastar. Sabe, ainda uso muitas roupas tuas, teus casacos da burma que adoravas estão bem velhinhos, mas são meus pedacinhos de ti, colo de inverno, roupa de ficar em casa- ano após ano.

No último domingo saí para caminhar e sentei num banco na "pracinha do JP". Lembra, que ele dizia " a minha pracinha"? Estava um dia frio de sol, um menino de seus cinco anos brincava na mesma areia suja, sob o olhar de duas mulheres. Ele vestia uma camiseta do grêmio, é engraçado como tem coisas que funcionam como um vórtice, não faz tanto tempo mas já faz uma eternidade, outro menino, outra mãe, outra avó, o mesmo time do coração dos dois.

Mãe, assim como teu neto, as árvores cresceram. Estão mais altas do que ele. Lembra delas, recém-nascidas? A pracinha tem muita sombra agora. Está mais bonita.
É tudo tão mais bonito quando tem árvore.

Hoje olhei tua foto e me dei conta que tu era só um pouco mais velha do que eu sou hoje, e isso é estranho.
A morte congelou teu rosto, enquanto as árvores e as crianças cresciam, e nós envelhecíamos.
Enquanto a gente segue por aqui, para ti vai ser sempre aquele aniversário de 64 anos.
25-09-2007.
Para sempre primavera.

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