terça-feira, 17 de setembro de 2019

Crônica urbana



Espremida entre um caminhão e um ônibus, a fumaça escura através do vidro entreaberto, a vontade é de não respirar.
Uma antiga música me vem à lembrança: a rua tem cheiro de gasolina e óleo diesel.
No semáforo um homem jovem, vestido de preto, segura um cartaz de papelão onde está escrito:
" saudade dos meus filhos
me ajuda a voltar para casa"
Ele anda por entre os carros na avenida suja e congestionada, diz que veio de Belém do Pará, fala cantando, é para lá que deseja voltar, para a outra ponta desse não país, fugir da tarde cinza em direção ao sol, ao amor, talvez a fome nem seja menor, não deve ser, só mais suportável- e familiar, como ele veio parar aqui?
Em cada sinal uma história triste, quase sempre. Tão longe e tão perto.
"Tudo errado mas tudo bem."

Daniela A

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