domingo, 28 de julho de 2019

Um conto na madrugada



Desabou de whisky e trepar.
Um sono de bruços, pesado, absoluto, um nada.
Ardia em chamas e líquido.
O lençol ondula com os movimentos dele, mas ela já sonhava.
Pode sentir nas coxas a areia áspera, o mar de ondas calmas acariciando os corpos, o formigamento entre as pernas- abertas feito conchas sob o sol.
Os sonhos se confundem com o sexo de antes, dois animais de línguas ávidas, o torpor interrompido por uma mão gelada e úmida, a dor súbita, e depois outra onda, e outra mais forte, que os engole, afogando o grito da madrugada.
Ela se mexe sem despertar, geme, se acomoda, e goza baixinho, de olhos fechados.
Acorda horas depois, ainda tonta, sorrindo de um ardor inconfundível. 
Será?
Olha para o lado.
Ele dorme, serenamente nu.


Daniela Altmayer
(uma tradução)

Nenhum comentário:

Postar um comentário