sábado, 13 de abril de 2019

The Orchard

     
               


                 1
a igreja de pedra na curva do rio
o sino toca a sinfonia do domingo
é verão ainda mas é tarde
uma brisa levanta a saia
da cor de alfazema das flores
as mesmas que adornam o caminho
as flores que Virginia viu

                 2
a ponte também ela pedra
contempla o largo do rio onde
uma família de patos nada em silêncio
flutuam nas águas escuras pétalas e
folhas amarelas prenúncio de outono

                  3
em algum lugar mais adiante nesse mesmo rio
jovens barulhentos tomam vinho
e deslizam com a vara num barco 
na infeliz tradução de punting

                  4
as casas mesmo elas são de pedra
sem cor tem janelas brancas
e floreiras
que se debruçam nas calçadas estreitas

                  5
chego ao portão de ferro onde
bicicletas de cestos coloridos esperam
na confiança silente de sombras ancestrais

                 6
nos jardins da velha casa de chá
há grama alta sob as árvores
macieiras carregadas
cadeiras reclináveis de tecido listrado 
borboletas e vespas zunem ao redor
dos bolos com creme e geleias de frutas vermelhas

                  7
já passa das cinco faz um pouco de frio
no verão tardio de setembro
nesse lugar que parece uma fenda no tempo
quase posso ver Virginia e os outros
com uma manta nos ombros
entre xícaras de chá e licores de maçã

                  8
talvez aqui às margens desse jardim
onde os pássaros cantam baixinho
ela tenha sido feliz algum dia antes 
de pegar aquela pedra e mergulhar
em outro rio

Daniela Altmayer
( exercício da oficina, para Karen e Bella que me  levam a viajar na terra da Vírginia -e da Eileen)


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