acende um charuto e olha devagar
a menina que dorme insolente
na cama recém desfeita
as pás do ventilador giram lentas
o sol entra pelas frestas da cortina
o calor envolve a nudez quase pura
ela abre os olhos e um sorriso sonolento
murmura seu nome sem resposta
murmura seu nome sem resposta
ele sabe que é última vez mas não diz
não tem pesar em seus passos trêmulos
quando abre a porta da rua nós também
sabemos
que ali se cumpre uma espera
sabemos
que ali se cumpre uma espera
despede-se hoje dos amores terrenos
que viu passar como a água do rio
amores de carne e de lua
impregnados de ausência
ela o aguarda tardia
a única mulher que ele amou
(da cintura para cima)
por toda e para o resto
da vida
da vida
Retrato de Florentino Ariza
Daniela Altmayer
(oficina de poesia)
Daniela Altmayer
(oficina de poesia)
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