domingo, 5 de julho de 2020
Rodovia
Uma beira de estrada onde nunca passei
É sempre fim de tarde naquele posto
O azul profundo que antecede a noite
O horizonte salpicado de laranjas
As primeiras luzes, vaga-lumes
Faróis a cem por hora
As mesas de fórmica ensebadas
Guardanapos e restos, migalhas
A marca do teu beijo o batom
Na borda lascada da xícara
No espelho lascado sobre a pia
Os últimos vestígios de um rosto
O cheiro de urina e perfume
Desinfetante barato de pinho
O café que esfria à espera
O tempo parado dos relógios
Um homem enxuga os pratos
Outra mulher fuma cigarros
Os carros são todos pardos
No lusco fusco desta hora
Um luminoso piscante avisa:
Os amores estão de partida
Neste lugar ao meio do caminho
Nesta margem onde nunca estive
Cinco pistas e nenhum retorno
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