segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um rosto na multidão

"Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração."(CFAbreu).
Ter uma face para alguém e este alguém ter uma face para você...ser reconhecido no meio de centenas, milhares, milhões de outros seres. Acho que isto pode explicar o apelo do amor. Das histórias de amor. Do desejo de amar. Da necessidade. O colo quente do reconhecimento, atenuando um pouco a solidão. Disfarçando, ao menos. A solidão que é essência, e que por vezes dói. O colo, confortável como uma sopa, em um dia frio de inverno. Cálido como uma manta ,envolvendo o pescoço, e protegendo do vento que gela. Um rosto,  uma face, um olhar. Com endereço certo.  Uma mão. Uma voz. Um sorriso.. Ah, o sorriso,  um farol na vastidão deste mar. De gente. O braço, o abraço, um porto seguro neste mundo. Maluco.Ter para alguém um significado que este alguém também tem para você. É isso: significado. Lar. Onde se pode descansar do cotidiano, do não ser, do lugar comum. Sair da multidão..Um colo  e uma sopa, quentes. Um amor, assim, fácil. Simples. Significar. É apenas isso, e ao mesmo tempo, é tanto.

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