Existem anos bons, e anos ruins.
Anos são feitos de meses, que são feitos de dias, que são feitos de horas, que são feitas de minutos, que são feitos de segundos.
E o tempo pode ser contado de um jeito, ou de outro. Micro, ou macroscopicamente. Por convenção.
Como sempre acontece, no balanço inevitável de um fim, qualquer fim, a gente olha para trás. E o que eu vejo é que o ano que agora termina foi um ano ruim. Um ano que me encontrou triste, de maneira geral. Os motivos são meus, e também alheios.
Nem sempre foi fácil levantar da cama às seis horas da manhã de todo dia.
Os sorrisos custaram a vencer a rigidez de olhos que só queriam chorar.
(Mas não choraram, não o suficiente.)
As palavras engolidas inteiras, sem digestão, causaram dor. As que foram ditas, e mais ainda o que foi interdito.
Perdi no caminho coisas muito importantes, amor, sonho, inspiração.
Perdi a verdade, e a magia, em troca de mentiras e desilusão.
O que era bolha de sabão se acabou. Era de vidro, e se quebrou.
O ano que agora finda teve um gosto amargo, e leva com ele uma tristeza imensa.
A imensa tristeza da decepção.
Nem sempre foi fácil levantar da cama nesses doze meses.
Mas foi sempre preciso. Encontrar a força necessária para não deixar o espírito quebrar.
Vidros podem quebrar, espíritos não. Espíritos podem, no máximo, vergar. É permitido chorar um pouco, ainda que a seco, com sorrisos disfarçados. Escondido, para não incomodar ninguém, nem por muito tempo, para não gastar a paciência. E logo depois tocar. O barco, e a vida. Viver é preciso, sim, e tem contas a pagar.
E, porque não se pode parar, o tempo se encarrega de arrumar. Toda essa confusão.
A cama, o cabelo, as dívidas, as dúvidas. O coração bagunçado.
A cama, o cabelo, as dívidas, as dúvidas. O coração bagunçado.
De arrumar bons momentos, e outras boas histórias para contar.
Tem que seguir. Trabalhar, trocar, estudar. Viajar.
Permitir. Encontrar, acontecer. Dar chances.
Conhecer, desconhecer... reconhecer-se.
Tem que seguir. Trabalhar, trocar, estudar. Viajar.
Permitir. Encontrar, acontecer. Dar chances.
Conhecer, desconhecer... reconhecer-se.
Desfrutar. De muito prazer, em conta gotas de segundos preciosos. E nos segundos, ser feliz por um ano inteiro.
Dois mil e quinze me encontrou de um jeito, e depois me transformou. Dolorosa e silenciosamente, me endureceu. Ainda não sei o que sobrou de quem eu fui no início.
Nem sempre foi fácil, mas foi sempre preciso. E por ter sido preciso, foi.
Nem sempre foi fácil, mas foi sempre preciso. E por ter sido preciso, foi.
Vai, dois mil e quinze.
Não vou sentir saudade.
Apenas gratidão, pelo aprendizado. (Que ainda não assimilei.) Continuo sem entender. Mas dizem que é assim que se tem que dizer. Obrigada, então.
Pela saúde, acima de tudo, é preciso agradecer.
Pela saúde, acima de tudo, é preciso agradecer.
Obrigada pelos belos e raros encontros. Houveram alguns. Que me devolveram sorrisos, molhados. Verdadeiros, e mais uns tantos suspiros, dobrados.
Eternos nos minutos de algumas horas de uns dias, quaisquer. Instantes apaixonados, de pura poesia.
Eternos nos minutos de algumas horas de uns dias, quaisquer. Instantes apaixonados, de pura poesia.
Pelas boas, e honestas descobertas, sou grata. Pelas músicas, livros, surpresas. Por duas rosas vermelhas.
Pelos amigos novos e antigos, para sempre. Obrigada.
Pelos amigos novos e antigos, para sempre. Obrigada.
Vai, dois mil e quinze. Leva tudo o que não funcionou, e foi tanto. Apaga de vez o que não prestou, e deixa só o que tiver que ficar. Com permissão, dessa vez. De olhos abertos, com redobrada atenção e uma boa dose de ceticismo, que não faz mal a ninguém, ter cuidado.
Não peço desculpas pela melancolia, nem pelo desabafo contido nessa confissão. É que eu estive triste, por muito tempo durante esse ano. E para mim, escrever, é isso. Como viver, preciso.
Escrever é o meu jeito de chorar, de jogar fora, de me desfazer. Para encerrar, relativizar, esquecer sem esquecer. Para saber que vai passar. Falta pouco agora, bem pouco.
Vai, dois mil e quinze! Passa logo.
Não peço desculpas pela melancolia, nem pelo desabafo contido nessa confissão. É que eu estive triste, por muito tempo durante esse ano. E para mim, escrever, é isso. Como viver, preciso.
Escrever é o meu jeito de chorar, de jogar fora, de me desfazer. Para encerrar, relativizar, esquecer sem esquecer. Para saber que vai passar. Falta pouco agora, bem pouco.
Vai, dois mil e quinze! Passa logo.
Para você, só tenho a dizer:
Espero, e desejo que seja mais fácil, em dois mil e dezesseis.
Levantar.
Levantar.
E mesmo que não seja, sem você... vai ser. Será.
Dani Altmayer
Dani Altmayer